loader image

Fases

Na segunda metade da década de 70, Sônia Menna Barreto iniciou seus estudos sob a supervisão de professores que disponibilizavam o contato com obras e materiais de diversos artistas, e logo se identificou com o Surrealismo de Salvador Dalí, sendo esta a primeira fase marcante de sua carreira.

Alguns anos depois, quando passou a atuar como artista profissional, trabalhando no ateliê em sua casa, adquiriu independência para resolver problemas técnicos e temáticos e associou seu trabalho às técnicas flamengas do século XV, junto ao estilo de pintura Trompe L’oeil e minúcias do Hiper-realismo, que dão a impressão de que as cenas saltam à tela. Apesar de executar o Hiper-realismo com maestria, a artista prefere atribuí-lo apenas a detalhes, deixando a característica lúdica ser a protagonista.

obra a estante

Na década de 80, a artista, admiradora da Literatura, Música e Teatro, depara-se com o Realismo Fantástico e se apropria do conceito literário latino-americano como forma de retratar eventos irreais e sonhos se encontrando entre o universo fantástico e o real em suas pinturas. O conceito surgiu no início do século XX com escritores como Gabriel Garcia Marquez, Júlio Cortazar e Jorge Luis Borges para responder a regimes opressivos da época, retratando elementos irreais ou estranhos de forma corriqueira ou habitual.

Na década de 90, a artista começou a Série Veneza, considerada uma das fases mais marcantes de sua carreira. Inicialmente, o planejamento era homenagear o que a cidade italiana tem de mais belo; mas, durante as pesquisas, a pintora deparou-se com a Commedia Dell’arte, típico teatro de rua italiano, que acabou se tornando uma de suas marcas registradas. Este teatro, comum entre os séculos XV e XVI, tem como característica transitar de cidade a cidade e ser apresentado na rua ou em praças públicas sobre carroças, com histórias improvisadas na hora por seus personagens, divididos em duas categorias: os patrões e os criados. Um destes personagens é o Mezzetino que sempre cria confusões, mas com bom humor. Sônia encontrou neste personagem seu “alter ego” (seu outro eu) já que em suas obras sempre existe um elemento de humor, mesmo que de forma sutil.

No início de 2010 suas obras adquirem outro conceito de tridimensionalidade quando passa a pintar sobre telas construídas com o formato e o tamanho exato de cartas de baralho, livros e caixas de fósforos. Esta série é denominada Originais no Formato e versam sobre Literatura, Filosofia e Arte, casais famosos do meio artístico e o universo circense.

Com a carreira sólida de quase 40 anos e o constante envolvimento com estudos aprofundados para compor suas obras, Sônia está sempre se reinventando e atualmente experimenta novas mídias para expressar seu trabalho. A artista decide selecionar os personagens mais importantes de suas telas e transformá-los em esculturas elaboradas em materiais nobres como bronze, alumínio, cerâmica e porcelana. O conceito é denominado Experimentos, sendo considerado uma de suas fases mais divertidas e desafiadoras.